terça-feira, 15 de novembro de 2016

V Congresso divulga carta de Aparecida

CARTA DE APARECIDA
“Os direitos humanos são violados não só pelo terrorismo, a repressão, os assassinatos,
mas também pela existência de extrema pobreza e estruturas econômicas injustas,
que originam as grandes desigualdades.”
(Papa Francisco)
O V Congresso da Cáritas Brasileira aconteceu em Aparecida-SP com a participação de mais de 500 representantes de todas as regiões do Brasil, e de representantes das Caritas irmãs e de entidades parceiras de algumas partes do mundo, homens e mulheres; jovens e idosos; do campo e da cidade; das florestas e das águas que juntos vivenciaram, com a benção da Mãe Negra Aparecida, vieram concretizar um ano de celebrações dos 60 anos com presença e atuação da Cáritas Brasileira, tendo por tema Pastoralidade e Transformação Social.
Para seguidores e seguidoras de Jesus, o Bom Pastor, toda celebração tem sentido de JUBILEU: dar graças e alegrar-nos por tudo que representou o avanço na realização da missão; na identificação e superação das falhas e na defesa das novas prioridades como resposta aos recentes gritos e desafios dos pobres.
Mesmo sentindo-nos duramente afetados pela crise política que se aprofunda em nosso país e no mundo, com práticas de corrupção, golpes e ameaças aos direitos sociais que levam as pessoas a desacreditar na democracia; mesmo sentindo-nos em comunhão com a insegurança e sofrimento que um número crescente de pessoas vivencia por causa do paradigma de desenvolvimento promovido pelo sistema capitalista dominante; e mesmo sentindo-nos frágeis para enfrentar tantas ameaças e desafios como, por exemplo, o desemprego crescente, a violência contra os jovens negros, as pessoas em situação de rua, às lideranças sociais, contra os defensores de direitos humanos, as mulheres, e também contra a mãe, exemplificado pelo crime da contaminação e morte do Rio Doce e de tantos rios brasileiros. Nada! E nem ninguém nos roubará a esperança.
Como resposta aos apelos de Deus e na fidelidade do seguimento de Jesus de Nazaré, assumimos, corajosamente, a missão de Testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo toda forma de vida e participando da construção solidária da sociedade do Bem Viver, sinal do Reino de Deus, junto com as pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social. Somos testemunhas dos avanços e conquistas dos grupos, das organizações e dos movimentos sociais, e queremos que todos se alegrem junto aos pobres. Reafirmamos que não devemos recuar: nenhum direito a menos.
É inaceitável para nós, e desejamos que o fosse também para todas as pessoas seguidoras de Jesus e que tem sentimento de humanidade, o domínio de um sistema que concentra nas mãos de 1% da população a mesma renda que nos outros 99%. É igualmente inaceitável que esta minoria continue promovendo o sistema de produção, consumo, descartes e especulação, fenômenos responsáveis pela fome, o aquecimento global e as mudanças climáticas que colocam em risco a vida na terra. Assumimos junto ao Papa Francisco que este é um sistema que mata, e que exclui os pobres e a terra.
Partimos deste jubileu de 60 anos com o compromisso de colocar em prática com maior empenho a mensagem profética da Mãe Negra Aparecida: estarmos juntos, e caminhar com os pescadores artesanais, povos indígenas e quilombolas e com todos os povos e comunidades tradicionais em suas lutas pelos seus territórios. Lutar, também, pelo fim da exploração, contaminação e envenenamento dos solos, das águas, dos rios e do mar, para que todas as pessoas participem do milagre da pesca e de alimentos agroecológicos abundantes que Deus Criador, a Mãe Terra e todos os trabalhadores e todas as trabalhadoras querem oferecer ao povo.
Em vistas disso, assumimos novas prioridades e convidamos todas as pessoas a assumí-las, participando da (I) promoção e fortalecimento de iniciativas locais e territoriais na construção da sociedade do Bem Viver, da (II) defesa e promoção de direitos, construção e controle das políticas públicas, da (III) organização, fortalecimento e sustentabilidade da Rede Cáritas e da (IV) formação permanente do voluntariado como concretização da nossa missão.
Que Deus nos mantenha firmes neste caminho de construção de uma sociedade brasileira e mundial assentadas na justiça, na cooperação, na simplicidade entre os seres humanos, assim como nas relações de amor, de cuidado e de harmonia com todos os seres da Mãe terra, sendo e vivenciando as sociedades do bem viver.
 Aparecida, São Paulo, 12 de Novembro de 2016

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